quarta-feira, 5 de novembro de 2008

rosinha e o homem da tuba

rosinha. rosa maria de jesus. menina simples. criada pela madrinha. tinha um quê de borboleta assustada.
ela foi à feira de santa rita, cidade pequena mas encantada pelas novidades do dia. rosa maria foi a escolhida entre as negrinhas para carregar o balaio. isso a fez feliz. sonhadora. pois lá tinha as cores do mundo.
o cego aderaldo tocava viola e pedia esmolinhas pelo amor de deus. ela olhava-o curiosamente. via em seus olhos um branco perdido e vazio. a pobre se enternecia e olhava sem ser olhada, apenas pressentida pelo cego que intensificava o seu pedido dolorido e penoso... "uma esmolinha para o cego pelo amor de deus..." tristemente rosinha escondia suas pequenas mãos vazias, cheia de dor e vergonha pois não possuía nada. apenas a caridade alheia. se afastava timidamente.
dona maria, a que vendia cambui, conhecida por muitos como jaboticaba, fruta que a enchia de vontade e desejos, pois eram pequenas, grandes e doces aos seus olhos, vendo-a com tão triste e desejoso olhar, dava-lhe um bom bocado.
o seu severino, homem da cocada mais saborosa e consagrada, que dava água na boca só de olhar... e rosinha não só olhava sentia em sua língua a imaginação, quase nunca podia comer, a madrinha não dava, apenas ralhava quando a pobre parava um instantezinho, mais que o necessário.
rosinha andava e ficava feliz. andava cercada de gente que pedia um preço menor... parecia leilão de festa de santo. ela olhava as mulheres... principalmente aquelas bem maquiadas e de roupas atrevidas. prostitutas. eram proibidas de circular entre a gente direita do lugar, mas teimavam e iam negociar... a menina as via maravilhada. só sentia que era pecado quando sentia o beliscão doído da madrinha.
tudo era admirado por rosa maria. tudo. pois a feira de santa rita era folclórica no vestir e no sentir. a menina amava não só a feira. amava e tinha medo ao mesmo tempo de algo nunca visto - o homem da tuba. ela lembrava até de uma certa história... "a festa no céu" - pobre sapo, pobre menina. seus olhos arregalados, paralisavam a olhar tal incumbência. o homem era pequeno que em um certo momento , ela ficava com medo da tuba engolir o homem, mas logo tomava tino com o despropósito. o homem e a tuba era um só ser. o que a encantava era a melodia estranha, absolutamente estranha e solitária. ela quedava-se ao embevecimento da maravilha do céu. só saia do pasmo momento quando seus bracinhos eram puxados com tanta fúria contida, e ouvia:"vamos embora menina tonta, não vê que isso é coisa feia se abobalhar!" rosinha acordava para a realidade. tinha que carregar na cabeça pequena, o balaio de compras tão pesado, tão pesado que doía o juízo.
gigi pedroza

3 comentários:

Unknown disse...

olá!!ñ te conheço GIgi.maseutive olhando as tuas obras.

nossa!!muito lindo viu!!..parabéns e que o criador da vida te ilumine te abençoe e te enche inspiraçõa.

bjss...fik na santa paz do nosso bom DEUS

Unknown disse...

oi minha linda!!
ñ te conheço,mas estive olhando suas obras.

parabéns..adorei.

que o criador da vida te abençoe te ilumine e te enche de inspiração.

bjss..fik na paz do SENHHOR


by:cíntia adriana

gigi pedroza disse...

cintia querida,
obrigada por postar sua visão sobre os meus textos... conhecer o outro necessariamente não é preciso em carne e osso, mas conhecer a alma, as sensações, os medos, os sonhos... isso é tesouro!
fique livre para opinar!
meu respeito!