domingo, 2 de novembro de 2008

tapioca e cabureto

ontem estive na casa de sonia, como sempre ela prepara algo puramente nordestino. ela fez tapiocas. ofereceu-me uma. trouxe-a para casa e guardei-a tão bem guardada para o outro dia, pois adoro tapioca-biju. dormi pensando no sabor do amanhecer.
acordei e fiz como sempre o ritual matinal. logo fui ao esconderijo. tamanha foi minha frustração, a tapioca tão esperada havia desaparecido, alguém viu-a primeiro e com certeza comeu-a sem nenhum remorso. não sei qual dos filhos pois aqui em casa ninguém confessa o inconfessável. lógico, isso em matéria de descobertas de tesouros. imaginem a páscoa...
tudo isso fez-me lembrar de um certo cabureto tão desejado pelas meninas lá de casa. quando era época de pinha, fruta deliciosa quando bem caburetada, chico, como era o comum, sempre o mais esperto escolhia-as com esmerada gula. sempre as maiores, as cobiçadas pela vontade infantil, pois dava água na boca de quem as vissem. eram todas impreterivelmente dele, de mais ninguém. as pinhas viravam tesouro infantil. as meninas procuravam até achá-las. as comia escondidamente, deixando apenas as cascas e as sementes para o rei das pinhas. ele ficava irado, gaguejava, chorava... mas qual das gurias para castigá-la? eram muitas as filhas de assis, e ninguém era besta de se entregar... oh! como o pobre chorava, piscava os olhos desesperadamente até mamãe acudir e consolá-lo:"você colherá amanhã outra mais bonita meu filho!"
pinhas e tapiocas se misturam no sabor de minhas lembranças entrelaçadas no passado e no presente de minha vida fatídica.
gigi pedroza

2 comentários:

Unknown disse...

Chorei de rir... que lembranças maravilhosas! Quem nunca escondeu algo delicioso para egoísticamente comer só, escondido, e depois descobriu que o tesouro já não existia mais! Coisas de criança e de adulto ainda infante!!!
Meu xêro.

Francisco Castro disse...

Olá, gostei também muito do seu blog. Ele é muito bom.

Parabéns!

Um abraço